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Psicanálise é o nome que se dá a uma relação humana muito especial vivida entre duas pessoas, uma das quais denominamos analista e outra denominamos paciente.
Esta relação que dura de alguns anos a algumas décadas, mas que também pode durar a vida toda, caso ambos assim o queiram, é diferente de todas as outras relações humanas que tendem a ser demasiadamente frustrantes pelo excesso de real que comportam.
Na relação analítica o paciente se deitará em um sofá ou divã confortável enquanto o analista se sentará atrás dele para ouvi-lo atentamente durante cinquenta minutos e o primeiro poderá experimentar, talvez pela primeira vez em sua vida, o que é uma relação íntima, verdadeira e honesta com outro ser humano que, não tardará a conhecer mais profundamente as sutilezas do espírito do paciente do que qualquer outra pessoa de sua convivência.
O alto grau de elevação espiritual e humana da personalidade do analista que busca a verdade acima de tudo, não julga moralmente, não direciona de acordo com seus desejos, que silencia e ouve com paciência, que não desanima nem se irrita com as naturais resistências do paciente ao trabalho, mas que, ao contrário, se mantém fiel ao seu objetivo, independentemente do que aconteça, de mostrar ao paciente o que ele não sabe que sabe, causará admiração neste último funcionando para ele como um modelo positivo em quem ele poderá se apoiar para percorrer o solitário e doloroso caminho do seu desenvolvimento.
Sabemos o quanto carecemos de pessoas admiráveis em quem nos mirarmos e o analista, com sua retidão de caráter, exercerá esta importante função na vida do paciente, não só apoiando-o em seu desejo de evolução, mas sendo introjetado por ele ao longo do tempo como um objeto benigno, amoroso e forte.
No que se refere à evolução buscada, trata-se da parte do paciente de um anseio inconsciente em poder recuperar o seu desenvolvimento que ficara paralisado pelos traumatismos nunca elaborados, pedido que o analista pode atender graças às suas ferramentas teóricas e técnicas muito sofisticadas acerca do funcionamento psíquico.
Mistura de confessor, mãe amorosa, pai forte e parceiro conjugal, o analista será lembrado a vida toda com gratidão pelo paciente como alguém indispensável para as necessárias transformações que ele teve que fazer, em si e por si mesmo, e que agora o permitem ser, finalmente, apaixonado pela vida, verdadeiro consigo próprio, imune às perigosas ilusões que podem distrair do caminho correto, justo e, principalmente, capaz de amar e se compadecer da dor humana.
Percorrido este longo e árduo caminho que tem como objetivo final uma radical transformação da personalidade do paciente, podemos dizer que a psicanálise – esta maravilhosa invenção feita por um homem chamado Sigmund Freud – cumpriu suas nobres missões: devolver ao homem a capacidade de amar e de ser amado e ensiná-lo a proteger a civilização, ainda que dela não se possa ter tudo.
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